02/05/2025 12:31 - Fonte: Isabella Serena - Assessora de comunicação Arpen/PR
Nascia em Paranaguá, no dia 19 de abril de 1853, Maria José Correia, que posteriormente seria conhecida como Baronesa do Serro Azul. Maria construiu um legado de resistência, generosidade e atuação pública em um contexto social e político bastante limitado para as mulheres da época — legado este que permanece vivo até hoje.
Filha de Manoel José Correia e Gertrudes Pereira Correia, foi batizada e registrada na antiga Igreja Matriz da cidade litorânea, em um período em que os cartórios ainda não realizavam registros civis. Somente em 24 de novembro de 1888 foi criado o primeiro cartório da cidade, que passou a exercer oficialmente os atos que conferem identidade individual aos cidadãos.
Aos 18 anos, Maria José casou-se com seu primo, Ildefonso Pereira Correia — o futuro Barão do Serro Azul —, algo comum à época. Ao lado dele, construiu uma vida marcada por transformações sociais, ações filantrópicas e iniciativas empreendedoras. O casal mudou-se para Curitiba e teve três filhos: Iphygênia (1883), Maria Clara (1885) e Ildefonso Correia Júnior, o “Barãozinho” (nascido em 9 de julho de 1888). Todos foram registrados no primeiro cartório da cidade, hoje sob responsabilidade do vice-presidente da Arpen/PR, Ricardo Leão.
Com o assassinato do Barão, em 20 de maio de 1894, durante a Revolução Federalista, Maria não se intimidou com os ataques que sofreu por quase quatro décadas. Enfrentou boicotes políticos e econômicos, mas ainda assim manteve seus investimentos, criou os filhos, administrou negócios e expandiu suas ações beneficentes nas cidades de Curitiba, Antonina e Paranaguá. Foi uma das primeiras presidentes da ala feminina da maçonaria no Paraná, e destinou recursos a hospitais, clubes e instituições filantrópicas.
A trajetória da Baronesa é marcada por sua atuação em espaços predominantemente masculinos, sendo reconhecida por exercer papéis centrais no desenvolvimento social e na defesa da dignidade humana. Com os filhos já casados, Maria retornou a Paranaguá em 1909, onde passou a viver reclusa. Faleceu em 9 de dezembro de 1921, aos 68 anos, em decorrência de arteriosclerose generalizada.
Sua vida está registrada não apenas nos livros, mas também em jornais da época — documentos fundamentais para a preservação da memória histórica além da tradição oral. Ainda que parte de sua história não esteja oficialmente registrada em cartórios, merece ser lembrada por tudo que representou como mulher, mãe, empresária, filantropa e figura política ativa.
A Arpen/PR reafirma seu compromisso com a preservação da memória e da cidadania por meio do Registro Civil.